12 agosto 2012

Paternidade


Essa talvez seja a aventura mais inusitada da minha vida. De certa forma, eu sempre quis isso, mas jamais imaginaria que aconteceria da forma que foi, tampouco que seria no momento que aconteceu. Eu não tinha dimensão do que era e talvez hoje ainda não tenha.

Ser pai não é algo facilmente mensurável, por mais que seja banal. Qualquer homem tem potencial para sê-lo. Porém, o lidar com aquela criaturinha, que tem tanto de mim que às vezes eu vejo uma cópia, é uma experiência tão particular e única que me proporcionou uma perspectiva de vida completamente diferente.
Ser pai para mim não foi uma condição existencial ativa. Eu não sou pai por mim, não é algo que me tornei. 

Eu me vi na condição de pai quando aquele bebezinho estava choramingando cólicas e se acalmava quando eu o deitava no meu peito e em poucos minutos o meu respirar o conduzia a um sono tranquilo. Mas não era eu, era ele.

Eu sempre imaginei passar uma série de gostos, manias, vontades, sonhos para o meu filho. Ainda mais vendo tanto de mim nele. Mas cada dia, ainda mais pela distância que a vida fez ter entre nós, vejo que as coisas não serão como meus sonhos. E mesmo que essa distância não existisse, também não o seria, pois a vida dele vai se desenhar com contornos próprios. O máximo que eu posso fazer é estar lá para viver isso com ele.

Ser pai, no meu caso, tem sido um imenso privilégio. É a alegria da simplicidade do que ele quer e precisa. É alguém que me agarra pelo pescoço só para gritar “papai, não quero mais suco” ou para me ensinar que a vida pode ter muito mais vista ao se compartilhar uma risada pelo copo de suco ter se espatifado no chão e deixado tudo amarelo.

Não consigo ver num dia como foi o de hoje razão para que eu seja festejado. Eu sou apenas um resultado. O que eu quero e tive para um dia de hoje foi uma degustação disso que é ser pai.